Desde ontem, tenho acompanhado através da imprensa que, em todo o país, foram submetidos pouco mais de 100 mil projectos.
Só na província de Inhambane, onde resido, foram submetidos cerca de 26 mil projectos, dos quais apenas 2 mil serão financiados, no âmbito do Fundo de Desenvolvimento Económico Local (FDEL).
A cada dia que passa, as expectativas aumentam, sobretudo entre os jovens que, dia e noite, lutam para garantir o sustento das suas famílias. Contudo, olhando para os números, percebe-se que a maioria dos projectos não será financiada. Ainda assim, a narrativa de muitos dirigentes é de que o FDEL representa uma grande oportunidade, criando esperanças nas pessoas que, no final, poderão sair tão frustradas quanto os funcionários públicos com a implementação da Tabela Salarial Única (TSU), a famosa medida que acabou por desiludir muitos trabalhadores do Estado.
Muitos desses funcionários recorreram a empréstimos bancários, confiantes num aumento salarial que, afinal, não correspondeu às expectativas, levando-os hoje a viver com dívidas acima do normal.
O Governo de Moçambique deve, pois, procurar mecanismos sérios para alavancar a economia local, mecanismos que não se limitem apenas ao financiamento de projectos, mas que também criem empregos sustentáveis.
Os números revelam claramente a carência de oportunidades e a forte procura de emprego entre os jovens.
Enquanto o FDEL não conseguir financiar a maioria dos projectos submetidos, a frustração e o desânimo entre os jovens do país continuarão a crescer, sendo bomba atómica.

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