O governador de Nampula, Eduardo Abdula, distanciou-se publicamente das declarações do secretário provincial da Associação dos Combatentes da Luta de Libertação Nacional (ACLIN), que, num evento recente, afirmou que a Frelimo iria governar “até ao regresso de Jesus Cristo”.
Segundo uma publicação do Jornal Rigor, em visita à residência episcopal, Abdula apresentou pessoalmente um pedido de desculpas ao arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saúre, sublinhando que o gesto era feito “em nome do Conselho Executivo Provincial e do partido Frelimo”, e não apenas a título pessoal.
“Nós não aceitamos este tipo de comparações. Não é estatutário, não é constitucional. O nosso governo e o nosso partido governarão enquanto o povo assim o decidir. Não fazemos, nem aceitaremos, comparações com Jesus Cristo ou qualquer profeta. O Estado moçambicano é laico e isso significa respeitar todas as religiões e credos”, declarou.
O governador frisou que a relação entre o governo provincial e a Igreja Católica tem sido “aberta, respeitosa e sem interferências políticas”, acrescentando que as palavras do dirigente da ACLIN foram proferidas “em nome pessoal” e não representam a posição oficial das instituições.
Na ocasião, Dom Inácio Saúre elogiou a iniciativa do governador, classificando-a como “louvável e humilde”, e reiterou que as declarações do dirigente da ACLIN foram “infelizes” e constituíram “um insulto a Cristo”.
“Nem Jesus Cristo, nem a Igreja que Ele fundou, estão ao lado de qualquer partido. A minha orientação é clara: nunca vingança. Mesmo aquele que não pediu desculpas, consideramos sempre nosso irmão. O perdão é o caminho”, afirmou o arcebispo.
O líder religioso disse ter aceite integralmente o pedido de desculpas e aproveitou para reforçar a importância do diálogo e do respeito mútuo entre as instituições do Estado e as confissões religiosas.

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