O Ex-Tenente-General Bertolino Capitine, antigo vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), voltou a ocupar os holofotes com declarações contundentes sobre a situação de segurança em Cabo Delgado.
Capitine, que foi exonerado no governo anterior após ter falado abertamente ao público sobre questões sensíveis das FADM, rompeu o silêncio para fazer novas revelações consideradas bombásticas. Em declarações recentes, o ex-alto oficial destacou falhas estratégicas persistentes no combate ao terrorismo naquela província do norte do país, apontando omissões, má gestão de recursos e alegada falta de vontade política como obstáculos críticos à estabilização da região.
"Não podemos continuar a sacrificar vidas inocentes por erros que se repetem. É hora de falar com verdade, por mais dura que seja", afirmou Capitine, num tom firme que ecoa o mesmo espírito de frontalidade que lhe custou o cargo no passado.
Fontes próximas do ex-militar indicam que ele poderá estar na posse de documentação sensível que comprova irregularidades na condução das operações militares e no apoio às populações deslocadas. A gravidade das declarações reacende o debate sobre a transparência e a responsabilidade nas ações do Estado em zonas de conflito.
As autoridades ainda não se pronunciaram oficialmente sobre as novas declarações de Capitine. No entanto, analistas alertam para a necessidade de uma investigação séria e independente sobre as alegações, sob risco de minar ainda mais a confiança pública nas instituições de defesa e segurança.
Cabo Delgado vive há mais de seis anos sob ataques de grupos armados insurgentes, que já causaram milhares de mortos e deslocaram centenas de milhares de pessoas.
Capitine foi mais longe, criticando o excesso de responsabilidades atribuídas à Polícia da República de Moçambique (PRM) neste cenário de guerra, destacando que a polícia não está preparada para enfrentar operações militares complexas. “O nosso sistema é paramilitar, a polícia não foi treinada para ofensivas, contra-ataques e regras de empenhamento. Estamos a sacrificar os nossos companheiros em tarefas que não lhes pertencem”, afirmou.
Ele também sublinhou que a falta de preparação adequada para unidades como a Unidade de Intervenção Rápida (UIR) compromete a eficácia das operações no terreno. “Houve um esforço para equipar a UIR, mas a formação não foi suficientemente robusta. Agora, onde está essa UIR que resolvia conflitos em minutos? Falhou-se na estratégia ao colocá-la em missões para as quais não foi treinada”, disse Capitine, referindo-se à diminuição da capacidade de resposta da unidade.
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